
Albert Camus dizia que o absurdo não está nem no homem e nem no mundo, mas sim na relação do homem com o mundo. Citar o autor de o O mito de Sísifo em uma crítica para um programa onde quase nenhuma das participantes deve conhecê-lo é o melhor paradoxo que encontrei pra escrever sobre o que vimos na estréia de ontem à noite: o reality “Mulheres Ricas”, na Band. Talvez qualquer passagem dos livros de Narcisa Tamborindeguy fosse mais cabível aqui.
O néctar do reality foi um amontoado de cenas que causavam estranheza, um pouco de enjôo, vergonha alheia e muitas situações que beiravam o absurdo, mas que por via das dúvidas, resolvemos levar como humor. “Mulheres Ricas” provocou boas risadas. Afinal não é todo dia que temos a oportunidade de ver na televisão uma mulher loira e alta, muito rica, comprando um avião de R$ 30 milhões, como quem compra um pedaço de carne no açougue. Val Machiori deve ganhar logo o posto da mais odiada das participantes. Além de ser a mais forçada, a história de que saiu do nada para a fortuna não emplacou. O programa ainda conta com Brunete Fraccaroli, uma arquiteta deslumbrada que queria ter sido a boneca Barbie, a ex-semterra-playboy-fantasia Débora Rodrigues, e a empresária Lydia Sayeg, que sufoca a filha com seus caprichos. E lógico, toda a loucura carismática da figura Narcisa Tamborindeguy.
O reality é ótimo, é um acerto da Band. Choca, causa polêmica, faz rir, é entretenimento puro. Fora que no fundo todos nós adoramos um pouco do luxo, mexe com o imaginário do telespectador. A direção podia ter evitado algumas cenas que causaram constrangimento, como o telefonema de Val para o marido sobre o preço do novo avião ou a cena do filho de Débora Rodrigues sendo acordado pela mãe. Ficou claro que não tinha marido do outro lado da linha e que o menino não estava dormindo coisa nenhuma. É uma derrapada que quebra a empatia do público com o programa: “Opa isso é falso, é armado!”.
“Mulheres Ricas” é uma mistura de tudo, tem luxo e lixo. Nada despretensioso, mas pode acabar virando opção para muitos desavisados nestas férias, que vão trocar para a Band nas noites de segunda-feira em busca do CQC. O programa assim como o cartão de crédito de suas participantes pode tudo, pode virar fenômeno, pode afundar, pode manter, mas não passa batido, e a Band começa o ano acertando!
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